17.09.2019 11h47mn
No equinócio do Outono
Com aquelas cores quentes ainda a cheirar a Verão e a terra molhada quando chove.

Com aquelas cores quentes ainda a cheirar a Verão e a terra molhada quando chove.
Primo do Pinóquio, eu só quero ser feliz - talvez ser amado. Vinte dezanove. No Verão faz sol e chove.
Na minha cidade mediática, os jornais em papel, mesmo aqueles que são impressos a uma única cor, ganham novas vidas, outros brilhos e servem para embrulhar a vontade de conhecer novas ruas, encontros e reconhecimentos inesperados.
Num recorte de jornal, inspirado num diário de viagem de Armelle Bourgeault, tento criar um recanto de uma cidade mediática. Com aguarelas Viviva, da Viviva Colorsheets, e gel preto da Caran d'Ache. O efeito é encorajador.
Agora procuro um traço e o meu melhor meio. Procuro a técnica que melhor possa servir as minhas ambições em matéria de comunicação pelas artes plásticas. Sem nunca descurar o velho sonho de privilegiar a palavra escrita, uma comunicação que pode conviver na comunicação com as artes plásticas. Agora procuro encontrar-me por aqui.
Começo sempre, ou quase sempre, pelo título. Às vezes fico-me pelo título. Ate já mandei encadernar, com o luxo do couro e do ouro, um livro que é um mono de papel em branco, a ostentar na lombada o título, a data da publicação (falsa pois ainda não foi publicado, nem esta sequer escrito) e o nome do autor. Com este Reverso de hoje, aumento o número dos meus livros inexistentes. Este ûltimo de poemas ilegíveis. Literalmente.
Gosto de jornais. Sao bons para recortar. Mas só os jornais em formato broadsheet e nem todos. Os tablóides usam um vocabulário reduzido e raramente escolhem palavras que possam ganhar nova vida depois de recortadas. É uma limitação.
Este recorte, recortado num anúncio de página inteira saído no número 1265 do Jornal das Letras, marca esta vontade de passar a passar mais tempo na casa que mantenho na baixa do Instagram.
Ouço o coração de D. Pedro a bater. D. Pedro, quarto de Portugal primeiro do Brasil. São as vespertinas na Igreja da Lapa.
Três legos de quatro, vermelhos como um tição, são agora adereços residentes num sonho meu frequente. Vêm de um tempo irrepetível, de um tempo em que difícilmemte desistíamos de construir o que sonhávamos.