14.03.2019 10h00mn
Num sonho frequente
Três legos de quatro, vermelhos como um tição, são agora adereços residentes num sonho meu frequente. Vêm de um tempo irrepetível, de um tempo em que difícilmemte desistíamos de construir o que sonhávamos.

Três legos de quatro, vermelhos como um tição, são agora adereços residentes num sonho meu frequente. Vêm de um tempo irrepetível, de um tempo em que difícilmemte desistíamos de construir o que sonhávamos.
Na ausência do Facebook, esta tarde com problemas em várias localizações, a solução para este vício editorial é, no meu caso, a utilização deste meu domínio. Um espaço cibernético mantido para estas emergências informativas
[A picar o ponto]
Finjo que estou vivo
mas a minha pulsação
é de um homem morto
21.02.2019
A senhora minha mãe, que há quase um ano, quase com 99 anos, nos deixou, a senhora minha mãe sempre quis, ainda em solteira, partir para o Brasil, mais precisamente para São Paulo, onde viveram uns tios que aí fizeram fortuna. Mas esse tios ricos nunca lhe enviaram a “carta de chamada”, o documento indispensável para poder fugir dos “horizontes pequenos” que durante tantos anos nos amarraram a Portugal, e ela ficou sempre com saudades do Brasil, mais precisamente de São Paulo, país e cidade que ela nunca visitou.
No amanhecer da cidade, apetece-me um mata-bicho. O título desta prova de vida do Roldeck quase parece um plágio de um título de um livro de Vasco Pereira da Costa - "Amanhece a Cidade". Vou relê-lo neste título ou em "Nas Escadas do Império" que é outra obra dele que muito aprecio. Estes dois títulos estão nas minhas referências bibliográficas... "Referências Bibliográficas", um bom título para um livrinho de memórias.
Voltei ao Jornal de Notícias. Voltei a entrar no Edifício sede do Jornal de Notícias, na portuense Rua de Gonçalo Cristóvão, e até estive no estúdio de televisão do jornal, uma nova plataforma instalada onde, inicialmente, funcionou a Galeria de Arte do JN. Fui jornalista no Jornal de Notícias de 1977 a 2005 (vinte oito anos que passaram a correr e que tiveram momentos bons e menos bons) mas depois de ter saído, num processo de separação consentido mas forçado, entrei naquelas instalações duas ou três vezes. Se o edifício, como dizem, vier a ser adaptado a um hotel será pouco provável que lá volte.
Se voltar ao Brasil irei de barco. Para poder ficar, ao largo do Rio de Janeiro, sem desembarcar. Protegido na jangada de aço, no não lugar marítimo de ninguém de todos os barcos. A olhar o Corcovado e a visitar "Meu Querido Jardim Botânico", guiado pelas palavras de Tom Jobim, no jardim que as fotografias de Zeca Araújo fixaram para sempre. A quem não se importe de desembarcar pedirei um jornal do dia para retalhar em recortes destinados ao meu canhenho da viagem. E talvez confesse que, dessa vez, não irei jantar ao Marius, lugar de referência no 290 da Avenida Atlântica. Copacabana.
Uma das etapas da visita a Sintra, num fim-de-semana alargado que começou no passado dia 5 de Outubro e terminou no domingo seguinte, dia de eleições no Brasil.
Vejo ao longe a barca
que levará minhas cinzas
ao fundo do mar.
Júlio Roldão
04. Outubro. 2018
na imagem um pormenor de um vitral de Tóssan (António Santos) para uma peça do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC)
Nem quero pensar // que estou a chegar a velho. // Não vou lá chegar. // // Hoje, perco tudo // - a chave da minha casa // e todas as âncoras. // // Sem ter rendimentos, // no mar da inexistência // escolho à deriva.
Júlio Roldão
02.Outubro.2018